A conexão entre grupos empresariais da Saúde e healthtechs tem se fortalecido no Brasil, avalia o diretor da vertical Saúde da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Walmoli Gerber Jr. Esse novo contexto demonstra que o ecossistema de inovação do mercado está evoluindo, embora ainda seja necessário percorrer uma jornada de amadurecimento.
A visão é de que, sim, o cenário é de crise, mas existem inúmeras oportunidades, o que exige capacidade de inovar e criar soluções. Ao analisar o cenário do ecossistema, ele cita os hubs, que fazem a conexão entre grandes e médias empresas de saúde e as startups, como pontos de convergência do mercado.
O papel destes players, como a Connext Health, é promover o alinhamento entre a indústria clássica e a inovação, aponta Gerber Jr, que também é diretor-executivo da Brasilrad, que desenvolve projetos relacionados à qualidade do diagnóstico em radiologia e medicina nuclear, e atua como investidor-anjo e conselheiro de inovação.
Connext Health – Qual é a sua avaliação sobre o mercado de saúde para as healthtechs e em quais áreas elas têm sido mais participativas?
Walmoli Gerber Jr. – O momento é muito oportuno, inclusive pela crise já anunciada por grandes players do mercado. A crise exige criatividade e inovação, e o empreendedor da inovação, no Brasil, é extremamente criativo quando uma oportunidade lhe é dada. Gestão, processos, qualidade, desburocratização e digitalização de atividades comuns são os ambientes mais férteis no momento para as healthtechs brasileiras.
Connext Health – As grandes empresas do mercado de saúde estão mais abertas à inovação trazida por outras startups do setor? Como enxerga o ano de 2023 sob a ótica das conexões entre players tradicionais e healthtechs?
Gerber Jr. – Ainda tem uma jornada de amadurecimento, mas já evoluiu muito. Todos os grandes e médios grupos de saúde brasileiros têm criado ambientes e mecanismos para se relacionar com empresas inovadoras. Existe uma limitação e investimento que poderia ser superada com outras parcerias no mercado, usando, por exemplo, recursos vinculados à Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), às fundações de amparo às pesquisas (Fapes) estaduais e aos benefícios de renúncia fiscal.
Connext Health – Quais tecnologias você entende como mais estratégicas para as startups de saúde desenvolverem e investirem, considerando o interesse e as necessidades do mercado?
Gerber Jr. – Eu apostaria em toda a cadeia, desde novos prontuários eletrônicos, sistemas de gestão mais modernos e inteligentes, modelos de remuneração, sistemas de auxílio ao diagnóstico e dispositivos médicos dos quais ainda somos reféns de fabricantes internacionais.
Connext Health – Como você enxerga o futuro da medicina alinhado às novas tecnologias?
Gerber Jr. – Mais simples do que possa parecer. Eu defendo um futuro com uma medicina transparente, com melhores mecanismos, controle de resultado, sistemas inteligentes e predição reduzindo a presença do indivíduo no hospital.
Connext Health – Podes falar um pouco dos projetos nesta área os quais você está envolvido?
Gerber Jr. – Atuo com sistemas de controle de radiações ionizantes e não ionizantes, com projetos de melhoria da qualidade no diagnóstico por imagem; sistemas de viabilidade econômica e financeira para tomadas de decisões na radiologia; simulações em computação quântica para novas soluções em saúde. Atuo também como investidor-anjo e conselheiro de inovação trazendo uma visão de dentro do ambiente de inovação para os modelos clássicos da saúde que queiram se modernizar e se adaptar.
Connext Health – Como você analisa a presença dos hubs globais de empresas voltadas à saúde e o seu impacto no setor?
Gerber Jr. – Os hubs são a forma mais transparente e reais de conectar os pontos de interesse da inovação. Serve também como um grande tradutor, pois a linguagem usada na indústria clássica e na indústria da inovação, são diferentes e isso precisa ser trazido com segurança.
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